O XAMÃ

Um indivíduo que aprendeu a voar livremente pelas mais diversas esferas da consciência. Esta é a verdadeira essência do Xamã.

Conceito

O espírito livre
que transcende a experiência ordinária.

Praticar o Xamanismo e ser um Xamã são coisas absolutamente distintas. O Xamã é o viajante do invisível, o desbravador do mundo dos espíritos e especialista nas desordens da Alma. Um indivíduo que aprendeu a voar livremente pelas mais diversas esferas da consciência, das profundezas mais abissais às maiores alturas, a fim de obter curas e direcionamentos para si, e depois para os outros.

O Xamã representa o arquétipo do curador curado. Parte humano, parte animal, ele é o misterioso guardião da Sabedoria Ancestral e o mensageiro dos espíritos na dimensão terrena. Uma figura mágica que acessa estados ampliados de consciência para transgredir a realidade ordinária e acessar uma fonte de sabedoria superior.

A epistemologia

Xamã: Aquele inspirado pelos espíritos.

O termo “Xamã” deriva da palavra “saman”, de origem Tungue, um povo nativo da região da Sibéria, e significa “inspirado pelos espíritos”.

Essa nomenclatura designa um indivíduo específico dentro das tradições espirituais antigas. Em diversas culturas xamânicas ao redor do mundo utilizem-se outros nomes para designá-lo, como pajé, curandeiro, maestro, homem-medicina, feiticeiro, entre tantos outros…

Em comum, podemos dizer que são termos que se usualmente se referem ao indivíduo capaz de acessar as realidades ocultas por meio de estados alternativos de consciência – o chamado transe, nagual ou êxtase xamânico. Nestes estados, o Xamã é capaz de percorrer os itinerários do sobrenatural, sem jamais se perder.

O Xamã jamais se autoproclama. Ele é reconhecido espontaneamente. De uma forma geral os povos nativos acreditam que os Xamãs são escolhidos a partir de um chamado divino. Uma herança hereditária ou por aprendizado.

Após receber o seu chamado, o Xamã viaja para o mundo invisível e adentra um transe profundo, antes de ser levado para a caverna dos seus ancestrais. Lá, tem início o mito da iniciação, um processo encontrado em diversas expressões do Xamanismo. Ela marca o penoso nascimento do Xamã para o seu sacerdócio. Apenas após enfrentar o dilaceramento do seu ego é que o Xamã conclama o seu poder.

Autoconhecimento
e o caminho da cura do ser.

O Xamã conhece as curas porque ele mergulhou profundamente dentro de si e conheceu de perto todas as suas dores e as suas sombras.

A cura no tratamento xamânico só é possível porque o Xamã altera sua consciência e desperta o fator de autocura no paciente, como fez outrora consigo mesmo no processo de iniciação.

Por isso, o mito do Xamã é o do curador curado.

Podemos dizer que a busca do Xamã é despertar o curandeiro interior que existe nas pessoas, por meio da conscientização da sua dimensão espiritual e da ativação do seu poder pessoal perdido ou adormecido. Nessa relação kafkiana, o Xamã apenas aponta o caminho, mas é o paciente quem deve percorrê-lo.

Os segredos

O Xamã e a viagem ao sobrenatural e os segredos do Cosmo.

Mais do que um viajante do invisível, o Xamã é um especialista nas desordens da alma.

É graças à sua singular capacidade de viajar pelo sobrenatural e encontrar os seres sobre-humanos que o Xamã pode se considerar um profundo conhecedor da morte – e do que existe além dela. Como aquele indivíduo que possui um pé no mundo terreno e outro no mundo espiritual. Eliade observa que “o Xamã tem a excelência da cura pois a sua alma pode abandonar impunemente o corpo e vagar por enormes distâncias, entrar nos Infernos e subir ao Céu. Ele conhece, por experiência extática pessoal, os itinerários das regiões extraterrenas. Pode descer aos Infernos e subir ao Céu porque já esteve lá”.

Os ferramentas

Dos tambores do Xamã aos fenômenos da natureza.

Além da capacidade singular de realizar o “Voo da Alma” – as viagens extáticas para os mundos espirituais -, o Xamã exerce o seu ofício por meio de diversos elementos e práticas presentes nas culturas nativas. As canções de poder, a utilização dos instrumentos de poder (como a Maracá, o Tambor e o Cachimbo), prática de técnicas respiratórias, o conhecimento das ervas e Plantas de Poder, das Pedras e suas aplicações, dos Animais, dos fenômenos e ciclos da Natureza, a realização de dietas espirituais, aconselhamentos, a manipulação do Fogo Sagrado, a devoção às expressões do Grande Mistério – o Sol, a Lua, as irmãs-estrelas, dentre tantos outros.

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Atualidade

O Xamã
na atualidade.

Em tempos em que a ilusão material estende seus tentáculos sobre a humanidade, especialmente sobre as grandes cidades, o Xamã renasce para chamar a atenção das pessoas para as oportunidades maravilhosas que se oferecem a todos nós, a todo tempo, e que se esvaem ao alvorecer, repelidas pelos corações gélidos que se apegam a toda sorte de efemeridades, às pequenezas da posse temporal, e assim se afastam da real vontade do espírito.

Como arauto da consciência, o Xamã surge para expandir novamente os horizontes dos filhos da Terra em direção ao infinito. Revelam-se assim as lindas possibilidades presentes na eternidade da consciência universal.

O Xamã é o curandeiro da Mãe Terra e o mensageiro terreno do Grande Mistério. Aquele enviado pelos deuses do submundo e dos Céus para nos ajudar a recordar o Ser Infinito que Somos e o que viemos fazer aqui. Na eternidade milagrosa do Agora.

FELIPE ROCHA é Terapeuta Holístico credenciado (CRTH 4074), Terapeuta Xamânico formado pela Escola de Xamanismo Paz Géia e Enteoterapeuta.