Era uma tarde de outono e as folhas secas caíam pacientemente sobre a Terra… Um jovem guerreiro, sofrendo as dores lancinantes da última batalha, caminhou vagarosamente até o Pajé.
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– Pajé, sinto que o último sopro de vida está a percorrer o meu corpo. Estou certo de que meu fim se aproxima e essa proximidade me dilacera o espírito e me atormenta a mente.
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– Pois te digo, meu filho, que o espírito não poderá jamais ser dilacerado, mas sua mente, esta sim, poderá te atormentar nos momentos que antecedem a sua iminente passagem.
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Então se acalme. Pois a vida é um sopro nas ventanias da eternidade. A vida não cessa aqui, pois logo você estará a nascer em um outro lugar. E como pode você decretar que nesse outro lugar não vai encontrar belezas tão estonteantes quanto essas que te cercam agora? Morrer é apenas renascer no infinito que se esconde além do seu medo do desconhecido. Largamos este manto temporário para nos fundirmos com o Grande Mistério.
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Feche os olhos por um instante e sinta a Luz e o calor do Avô Sol que agora te aquece a face e o coração. E lembre que esse mesmo Sol majestoso sempre renasce, a cada manhã, mesmo depois da noite mais escura… Abrace a sua imortalidade e se permita largar o seu manto com a certeza de que quando a morte espreita, é apenas para anunciar a eternidade que nos aguarda. Meu filho, não existe fim para o que nunca pode acabar.
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Tudo morre e tudo renasce na Natureza, a todo momento. Essa é a nossa dádiva, essa é a nossa jornada. Pois de tudo o que essas folhas secas são feitas, nós também somos.