Quando mergulhamos na contemplação do Absoluto, percebemos que o não-agir é uma das chaves da fluidez da caminhada espiritual. E não nos referimos à passividade e à resignação ante o que nos acontece, mas à dimensão da aceitação e observação de tudo o que a vida nos oferece, sem exceção. Ao fluir de acordo com a nossa natureza, seguindo o curso natural do rio, o caminhar se torna mais simples e sereno. Não nos perdemos no passado ou no futuro; apenas nos entregamos ao vazio do agora e às infinitas possibilidades que ele nos oferece.
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Muitas vezes, o melhor a se fazer é não fazer nada. Neste lugar, a interioridade prevalece sobre as insistentes divagações da mente e nos leva de volta para um familiar estado de quietude e entrega para a harmoniosa dança da vida. A voz que se manifesta nesse silêncio é sempre calma e confiante. Ela sopra a certeza de que tudo está onde deveria estar e de que há um movimento natural que organiza todas as coisas. Essa é uma realidade que existe acima do nosso querer, do pensar ou do acreditar. Ela simplesmente É.
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O caminho da ascensão de todos nós é um eterno movimento de retorno para a vacuidade. Retornar, afinal, não é retroceder ou involuir. O retorno é o regresso para as origens, para o estado essencial em que todos nós estávamos antes de atingirmos o ponto em que agora nos encontramos, repletos de conceitos, crenças, padrões e todo tipo de entulhos mentais. Retornar para o lugar onde cessa a insistente ilusão do controle e deixamos os acontecimentos seguirem o seu fluxo, sem oposição ou sem resistência.
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Se você se entregar e se abrir para o espaço vazio, vai vislumbrar a sabedoria primordial do Universo. Vai, enfim, enxergar o que seus olhos não podem ver. Vai entender que, ao não agir, a sua autoridade interna assume as rédeas da jornada. Vai finalmente compreender que o controle está no não controlar. Vai perceber que o Vazio não é a ausência de todas as coisas, mas um campo potencial de infinitas possibilidades. O lugar onde a essência do Ser habita e as águas fluem para o oceano com o mínimo esforço…
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Estar à deriva é se permitir ser conduzido para os familiares horizontes do desconhecido.